Urocenter Petrolina - Urologia e Andrologia
O que é ejaculação precoce?
Ejaculação precoce (EP), prematura ou rápida, segundo a International Society for Sexual Medicine (ISSM) é a disfunção sexual masculina caracterizada pela ejaculação que ocorre sempre, ou quase sempre, quando o tempo desde a penetração vaginal até a ejaculação passa a ser insatisfatório para o homem ou para o casal. O problema pode estar acompanhado de consequências pessoais negativas, de ansiedade, frustração ou até mesmo evasivas em relação à intimidade sexual.
Um dos maiores problemas desta doença, segundo informado por diversos homens em pesquisas já realizadas, não está apenas na ejaculação antes do previsto, mas no fato de não ser possível continuar a relação sexual após o ocorrido. A repetição frequente do problema causa grande insatisfação do casal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, um em cada quatro brasileiros sofre dessa doença durante as relações sexuais. Alguns homens sentem-se inseguros de procurar ajuda de um especialista, no entanto o diagnóstico é a melhor forma de tratar o problema corretamente.
Existe um "tempo mínimo"?
Como escrevi anteriormente, a ejaculação precoce ou prematura é a ocorrência persistente ou recorrente de ejaculação antes do que é considerado satisfatório para o homem ou para o casal.
Para efeitos de padronização, visando principalmente aos trabalhos científicos, introduziu-se o termo "Tempo de latência de ejaculação intravaginal" (TLEI). Assim, foi proposto que homens com valores de TLEI inferior a 0,5 minuto sejam considerados em ejaculação precoce definitiva e entre 0,5 e 2,5 minutos com ejaculação precoce provável. Pode-se dizer que casos mais graves ocorrem quando o homem tem o orgasmo e ejacula antes mesmo da penetração sexual ou ejacula logo assim que penetra a(o) parceira(o), ou seja, não consegue controlar a ejaculação.
Quais são as causas da ejaculação precoce?
A ejaculação precoce pode ocorrer em jovens e até homens maduros. O que causa ejaculação precoce são diversos fatores físicos e/ou outros fatores psicológicos, como:
Ansiedade;
Estresse;
Depressão;
Falta de confiança;
Culpa;
Histórico de repressão sexual;
Problemas no relacionamento;
Alterações genéticas dos receptores de serotonina;
Prostatites ou outras infecções genitais;
Disfunção erétil;
Alterações hormonais.
Como fazer uma avaliação diagnóstica?
O diagnóstico de ejaculação precoce é baseado na história médica e sexual do paciente. A história permite classificar a ejaculação rápida como de duração por toda a vida ou adquirida e determinar se é situacional (em circunstâncias específicas ou com uma parceira específica) ou consistente. Deve-se ter atenção especial ao tempo de duração da ejaculação, do grau de estímulo sexual, sobre a atividade sexual, a qualidade de vida e o uso de drogas. Também é importante diferenciar ejaculação precoce de disfunção erétil. Nesta fase de avaliação inicial o médico urologista deve tentar entender a psicologia por trás daquela manifestação. Algumas perguntas são úteis como:
A ejaculação rápida é algo novo?
Houve mudança de parceira(o) sexual?
Como é a personalidade daquele paciente?
Quais doenças ou tratamentos ele realiza?
Há indícios de um distúrbio de ansiedade associado?
Há sinais de problemas na vida daquele paciente que podem estar afetando a vida sexual?
Assim, o urologista que trata tal tipo de patologia deve se esforçar em entender a mente e a situação de vida atual daquele paciente a quem tem que ajudar.
A utilização de "Tempo de latência de ejaculação intravaginal" (TLEI) isolado não é suficiente para definir ejaculação precoce, pois há sobreposição significativa entre homens com e sem a patologia. Na prática clínica cotidiana, o TLEI auto-estimado é suficiente. A necessidade de avaliar a ejaculação precoce objetivamente produziu diversos questionários como o “Premature Ejaculation Diagnostic Tool" (PEDT), que você encontra no fim desta página.
Existem diferentes tipos de ejaculação precoce
Primária: paciente sempre teve o problema desde que começou sua vida sexual. Neste caso, podem existir alterações genéticas dos receptores de serotonina e costuma ser o caso mais grave;
Secundária ou adquirida: paciente que anteriormente controlava, mas por alguma questão passou a não saber mais como evitar a ejaculação rápida. Pode ser um sintoma de disfunção erétil ou patologias como prostatites, alterações hormonais e variações psicogênicas.
Episódica: aqueles que por estresse ou outros problemas não sabem como controlar a ejaculação precoce momentaneamente, mas apresentam melhora ao longo do tempo.
Pacientes que têm queixa do próprio tempo ejaculatório, mas não se enquadram nos critérios de ejaculação rápida. Esses pacientes podem ter permanência de penetração de 5, 7, 10 minutos ou mais, porém, querem estender mais esse tempo.
Como tratar a ejaculação precoce?
Antes de iniciar o tratamento, é essencial discutir amplamente as expectativas do paciente. A disfunção erétil, outras disfunções sexuais ou infecções genitourinárias devem ser tratadas inicialmente ou ao mesmo tempo que a EP. O tratamento do distúrbio tem base em suas causas. De acordo com análise, o médico faz sua hipótese.
Entre os tratamentos disponíveis que podem ajudar no controle da ejaculação precoce, existe a psicoterapia e o uso de alguns medicamentos. Para alguns casos, a combinação desses tratamentos pode funcionar melhor, pois na maior parte dos homens a ejaculação precoce tem uma origem multifatorial.
Psicoterapia
Fatores psicológicos podem ser a causa da ejaculação precoce, mas podem ser consequência se o paciente tiver outras causas como base. O fato de ejacular rápido pode gerar em muitos homens mecanismos psicológicos de baixa autoestima, insegurança e ansiedades. Quando o problema ocorre devido à ansiedade é muito importante procurar uma ajuda psicoterapêutica. Esse tratamento também pode ser combinado com alguma medicação.
Estratégias psicológicas/comportamentais
As estratégias comportamentais incluem principalmente o programa de “iniciar e parar” desenvolvido por Semans e suas modificações, a técnica “de compressão” (“squeeze”) proposta por Master e Johnson (existem diversa modificações) e penetração sem movimento para o homem habituar-se a estar dentro da(o) parceira(o) - com intuito de redução da ansiedade. Tal técnica propicia a quebra do reflexo condicionado penetração-ejaculação; A masturbação antes da antecipação da relação sexual é outra técnica utilizada por vários homens mais jovens.
Conjuntamente com estas estratégias, devem ser propostas mudanças no comportamento do casal, estimulando a mais ampla comunicação e melhoria na qualidade de vida.
Inibidores de recaptação de serotonina (ISRS)
Algumas medicações antidepressivas são usadas para o tratamento da educação precoce, porém, não são aprovadas com a finalidade específica de tratar esse problema sexual (isto é, seu uso é fora da bula, mais conhecido como “uso off label”). Como exemplo dessas medicações, temos a Paroxetina (20-40mg), Clomipramina (10-50mg), Sertralina (50-100mg) e Fluoxetina (20-40mg). O efeito no atraso da ejaculação pode demorar de 5 a 10 dias após início da terapia e os efeitos colaterais são mais intensos na primeira semana, diminuindo após 2 a 3 semanas de uso. Os eventos adversos mais comumente relatados são: fadiga, sonolência, náusea, diarréia. Diminuição da libido ou disfunção da ereção é reportado raramente.
O único remédio para ejaculação precoce aprovado pelo FDA (órgão regulador americano) é o dapoxetina, que é um inibidor seletivo da recaptação da serotonina. Ele aumenta a serotonina na placa neural e prolonga o tempo ejaculatório. Deve ser usado entre 1 a 3 horas antes da relação sexual, ou seja, o uso é sob demanda. O seu nome comercial no Brasil é o Prosoy® e, sua venda, só é feita mediante receita médica de controle especial.
Inibidores da fosfodiesterase 5 (iPDE5)
Os principais exemplos são tadalafila e sildenafila. Estas medicações promovem, em geral, uma ereção mais potente, permitindo ao homem retirar a ansiedade de performance e ter melhor controle ejaculatório. O uso de iPDE5 associado a ISRS para o tratamento de EP também é empregado para retardar a ejaculação. De qualquer maneira, é consenso de que esta classe de medicamentos não deve ser a primeira escolha para tratar ejaculação precoce, mas que poderá ser muito benéfica a sua utilização quando o homem sofre de disfunção erétil.
Anestésico tópico
Creme de lidocaína-prilocaína (5%), aplicada 20-30 minutos antes da relação sexual. Essa pomada é uma mistura de anestésicos tópicos que vão provocar uma diminuição de sensibilidade local e causar um prolongamento do tempo ejaculatório. O problema dessa pomada como forma de tratamento é que ela pode provocar um efeito anestésico maior no pênis — ou até mesmo anestesiar a(o) parceira(o) — e o homem poderá perder a sensação de prazer e, assim, perder a ereção na hora da relação sexual. Por isso, a indicação é que seja usado com preservativos.
É comum os homens se sentirem envergonhados em discutir questões de saúde sexual, mas não deixe que isso o impeça de conversar com seu médico. A ejaculação precoce é um problema mais comum do que se pensa e seguramente tratável. Não tenha vergonha de admitir o problema. Procure um urologista.
Evite buscas infrutíferas na internet por remédio caseiro para ejaculação precoce ou outras tentativas de métodos controversos que não são eficazes. O urologista é o profissional adequado e irá pesquisar a melhor solução para cada paciente.