Estenose de Uretra

Esta é uma condição médica em que a uretra, o canal que transporta a urina da bexiga para fora do corpo, se torna anormalmente estreita ou bloqueada, dificultando ou impedindo o fluxo de urina. Os sintomas incluem dificuldade em urinar, fluxo de urina fraco, jato de urina interrompido e necessidade frequente de urinar. O tratamento depende da causa e da gravidade da estenose, podendo envolver desde medicamentos até cirurgias para restaurar a função normal da uretra.

A estenose de uretra é uma patologia relativamente comum em homens, mas rara em mulheres. A maioria dos casos ocorre devido traumatismos da uretra, processo infeccioso ou inflamatório crônico da mesma. A estenose da uretra consiste num estreitamento fibroso onde, pela análise histológica do tecido, observa-se depósito denso de colágeno e fibroblastos. Esta fibrose geralmente se extende, saindo da mucosa e atingindo o tecido circundante do corpo espongioso, causando uma espongiofibrose.

A manifestação mais típica da estenose de uretra é a diminuição do fluxo urinário. O estreitamento provoca uma dilatação da uretra proximal pelo aumento da pressão no trato urinário acima da estenose. A bexiga pode apresentar sinais de hipertrofia ou enfraquecimento (trabeculações). Por causa da estase, infecções urinárias e prostatites são complicações bastante comuns em pacientes com estenose de uretra. O volume residual pós-miccional normalmente está aumentado. Estenoses de uretra com obstrução prolongada podem apresentar descompensação uretero-vesical, refluxo, hidronefrose e insuficiência renal.

O diagnóstico pode ser realizado pela história clínica de diminuição do jato urinário, urofluxometria, uretroscopia e uretrocistografia retrógrada (RX com contraste).

Localização

No homem, 50% das estenoses uretrais ocorrem na uretra bulbar – região que corresponde à curvatura da uretra antes dela entrar na pelve. A uretra é um tubo com propriedades elásticas, que em estado de repouso está colabada (fechada), passando a se distender na medida em que o fluxo de urina cria uma pequena pressão, distendendo-a. O tecido que circunda a uretra, chamado de corpo espongioso, enche-se de sangue na ereção, mas não dá forma ou consistência ao pênis. É o comprometimento cicatricial do tecido espongioso, chamado de espongio-fibrose, que determinará o grau de gravidade da estenose e sua recorrência.

Na medida em que há tecido cicatricial fibroso inelástico circundando externamente a uretra, e funcionando como um anel restritivo, este tecido impedirá que a uretra se dilate para deixar o fluxo de urina passar facilmente. Lesões da uretra que ultrapassam o limite do epitélio uretral apresentam maior comprometimento e gravidade da estenose, do que aqueles que têm lesões restritas somente ao epitélio.

Tratamentos

O objetivo do tratamento é realizar a desobstrução da uretra de uma maneira definitiva, evitando-se a recorrência da doença. Existe na literatura vários tipos de tratamento, dentre eles:

- Dilatação Uretral: é o alargamento do canal com a passagem de sondas de calibres progressivamente maiores. É um tratamento paliativo, e não traz a cura definitiva.

- Uretrotomia Interna: é a abertura endoscópica (através de uma câmera por dentro do pênis) de uma estenose. Este método é simples e rápido, mas deve ser realizado apenas em estenoses muito curtas, que nunca foram tratadas e não tem como origem um trauma uretral. Em estenoses mais longas, ou que já foram realizadas uretrotomias prévias, a taxa de recorrência é muito alta, devendo-se realizar a uretroplastia.

- Uretroplastia término-terminal: em estenoses mais longas, o melhor tratamento é a ressecção do tecido cicatricial e a sutura das duas extremidades. Esse procedimento é possível devido a elasticidade da uretra. É a técnica utilizada em casos após traumas graves, como fratura de bacia que envolve a uretra.

- Uretroplastia com uso de enxertos: em estenoses mais longas e complexas, ao realizar a ressecção do tecido cicatricial, fica um espaço muito grande entre as extremidades, impossibilitando a união entre elas. Nesses casos, devem ser utilizados enxertos para substituição da uretra, e o melhor tecido a ser utilizado é a mucosa oral, retirada da parte de dentro da bochecha. 

A uretroplastia é considerada a forma mais adequada e definitiva de tratamento das estenoses de uretra. Vários estudos comparando outras formas de tratamento das estenoses de uretra com a uretroplastia demonstram que o realinhamento após a ressecção do segmento estenótico apresenta o melhor resultado clínico, e a menor taxa de recidiva no longo prazo, com índices de sucesso de 90 a 95%.